PMR446
Sabem o que é o PMR - Personal Mobile Rádio (Rádio Pessoal Móvel), versão europeia da Norte Americana FRS - Family Radio Service (Serviço de Rádio Familiar), trabalhando numa pequena faixa de frequência de UHF (446 MHz)?
São uns "Walkie Talkies" que poderão vir a ser - se já não são - uma segunda Banda do Cidadão totalmente livre de taxa, isento de licença de utilizador, sem controlo da tutela e não tendo nada a ver com radioamadorismo.
Assim sendo, pensamos que não se justifica esperar ou forçar (como se ela fosse forçável) a ANACOM ao eventual licenciamento de equipamentos, ou à emissão de licenças de utilizadores de uma Banda do Cidadão em UHF, na faixa dos 476 MHz, tal como acontece nos USA e Austrália.
Seria mais uma taxa de utilização a pagar e estar-se sujeito a uma legislação que ninguém cumpriria - utilizadores e ANACOM - como acontece actualmente com os 27 MHz.
O que é o PMR446? Uma explicação breve feita por Vladimiro Macedo
http://www.pmr446mania.com/pt/index.html
O Personal Mobile Radio é o equivalente Europeu do Family Radio Service (FRS) nos Estados Unidos e Canadá.
Basicamente, trata-se de uma frequência rádio (446MHz) que pode ser utilizada através da Europa (ou da sua maioria, pelo menos) por qualquer pessoa que possua um rádio bidireccional PMR446 (tipo um "Walkie Talkie", se quiser), s em qualquer necessidade de licença. Aliás, a grande vantagem do PMR446 é mesmo essa. A partir do momento que compra um rádio pode começar a usá-lo.
A ideia por detrás do PMR (e do FRS) é a de ser utilizado para comunicações particulares, e não para qualquer uso profissional ou comercial (embora o mesmo não seja terminantemente proibido). Usos típicos de PMR incluem, por exemplo, um grupo de amigos a praticar ski/campismo, comunicação entre 2 carros durante uma viagem de família, comunicação pais/filhos em férias/no shopping, combinar uma viagem ao pub/bar com o vizinho do outro lado da rua... Sempre que esteja relativamente perto da pessoa que quer contactar, o PMR446 é uma boa maneira de o fazer sem gastar dinheiro.
FRS/PMR? Porquê 2 sistemas?
FRS e o PMR não são exactamente iguais.
Quais são as diferenças então? O FRS apareceu primeiro e começou a ganhar bastante popularidade nos Estados Unidos, o que fez com que na Europa os entusiastas deste tipo de comunicações pedissem o mesmo: uma frequência, sem necessidade de licenças, para comunicações não profissionais.
O problema surgiu, quando as frequências adoptadas pelo FRS já estavam ocupadas na Europa por outros serviços, o que tornou impossível a transposição directa do sistema FSR. Assim sendo, o ERO (European Radio Office) viu-se forçado a escolher uma frequência que estivesse livre num âmbito pan-Europeu. E a escolha recaiu sobre os 446MHz. Mas os rádios são precisamente os mesmos, um Cobra MT305 FRS e um Cobra MT305 PMR são o mesmo rádio, operando apenas em frequências diferentes.
Como é que os consumidores poderiam então distinguir os que podiam usar na Europa ou não? Era preciso que isso estivesse marcado claramente com uma sigla na embalagem. A sigla inventou-se, e assim nasceu o PMR.
O FRS possui 2 frequências de operação, o que lhe dá 14 canais principais, o PMR tem apenas 1 frequência (446), o que lhe dá 8 canais principais.
Que rádios PMR existem? E quanto custam?
Existe uma quantidade enorme de marcas e modelos, desde as mais conhecidas, às mais pequenas, praticamente desconhecidas. Para saber mais sobre marcas e modelos, aconselho a visitar estas páginas com respostas mais completas a essa e outras perguntas (em que países se pode utilizar o PMR, apreciações de equipamento, etc.)
Podem-se adquirir rádios bidireccionais PMR desde os 30 Euros até aos 1250 Euros e estações fixas até aos 2500 Euros. Mas, a grande vantagem, é que o rádio dos 30 Euros pode comunicar perfeitamente com o de 1250 Euros e vice versa (tal como um telemóvel barato consegue efectuar uma chamada para um caro).
Os rádios PMR mais equipados trazem CTCSS (também conhecido por sub-canais. Aliás a grande maioria hoje em dia já tem esta função, excepto os de gama mais baixa.), bússola digital, GPS, toque por vibração, encriptação de voz, filtros de voz para recepção mais nítida e muito mais.
Por cerca de 50Euros já compra rádios de qualidade. Por cerca de 70Euros deve conseguir encontrar à venda PMR's com um conjunto de extras simpático, e, acima dos 100/120Euros encontra rádios de qualidade profissional. Algumas marcas vendem rádios em "packs" aos pares, em que normalmente saem mais baratos do que comprando 2 unidades em separado.
Já não sou uma criança, porquê usar um Walkie Talkie?
Ora bem, estes "walkie-talkies" são bastante mais desenvolvidos que aqueles que provavelmente teve em criança, e com toda uma panóplia de novas capacidades. Começando pelo facto que os seus 500mW (0,5 W) de potência façam com que, com linha de visão, alcancem algo como 3Km de distância (já foram registadas distâncias de 50 e até mesmo 100Km, mas em circunstâncias de terreno especiais).
É fácil de usar. Não quererá, concerteza pôr algo nas mãos dos seus filhos que eles não saibam usar na eventualidade de se perderem de si (se bem que, hoje em dia, eles até um telemóvel sabem usar melhor que eu, às vezes...).
É grátis! Pode fazer as "chamadas" que quiser, e saber que nunca vai ter que pagar nada por isso.
Qualquer modelo com CTCSS (sub-canais) dá-lhe 304 canais de comunicação (8 canais principais, com 38 sub-canais cada), logo, pode ter praticamente a certeza que terá sempre um canal livre para si e para o seu grupo.
Para além de ser útil, é divertido (A criança que tem dentro de si vai passar a vida a dizer-lhe isso).
CTCSS, o que é isso? É importante?
Se utilizar rádios PMR446 na Irlanda, é obrigatório o uso de equipamento com capacidade CTCSS, não pode utilizar equipamento que não a possua.
Em qualquer outro país da Europa, é uma decisão sua. Para mim, trata-se de uma função absolutamente indispensável, e eis porquê:
CTCSS - Coded Tone Control Squelch System, cada Canal principal de PMR é dividido em 38 tons/sub-canais CTCSS. E a melhor forma de explicar como é que isto funciona é dando um exemplo:
Digamos que você e o seu grupo se deslocam a uma praia bastante concorrida e cheia de utilizadores PMR (nunca encontrei nenhum sitio desses, mas, como isto é hipotético, imaginemos), se já lá existissem 8 grupos a usar PMR, vocês, os 9ºs utilizadores estariam numa situação sem saída, pois já não teriam nenhum canal livre para utilizarem.
O que o CTCSS faz, é misturar um tom específico na sua comunicação. Cada tom corresponde a um subcanal, portanto, digamos que você estaria a comunicar no canal 5, subcanal 23.
O seu radio PMR filtrava e descartava (ignorava) todas as comunicações do Canal Principal 5 que não tivessem aquele tom específico (23) misturado na comunicação.
Portanto, estariam a "partilhar" o Canal 5 com mais pessoas, mas apenas se ouviriam a vocês. Isto resumidamente, acaba por dar 304 canais "virtuais" (8 x 38).
Os rádios não-CTCSS operam sempre no subcanal 0, ou seja, não possuem filtros, o que faz com que oiçam todas as comunicações do Canal Principal em que estão sintonizados, independentemente do subcanal dessas comunicações.
Lembre-se sempre, falar num subcanal diferente de 0 tem como objectivo prevenir/evitar que você ouça outras pessoas, e não evitar que outros grupos o ouçam a si e ao seu grupo.
Por isso, consciencialize-se de que não tem uma comunicação totalmente privada, pois qualquer pessoa com um rádio não-CTCSS (os mais baratos de todos) pode ouvi-lo. Simplesmente porque não tem a capacidade de o ignorar/filtrar.
Normalmente as pessoas querem poder ignorar os outros. Mas, se estiver preocupado com a privacidade das suas comunicações, deverá adquirir um equipamento com funções de encodificação/encriptação de voz. Estes modelos, no entanto, costumam-se situar numa gama mais cara.
Se tiver um rádio com CTCSS, terá que desligar essa função (sintonizar o subcanal 0) de forma a poder comunicar com rádios não-CTCSS. Caso contrário, simplesmente não conseguiria ouvir o que quer que eles lhe dissessem...
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL Utilizo, profissionalmente, desde Janeiro de 2006 um par de walkie-talkie’s PMR 446 MOTOROLA T5422. Numa banda livre essencialmente vocacionada para o uso comercial, apesar de alguns teimarem em utilizá-la como mais uma banda amadora (?), tive a oportunidade de avaliar quais as potencialidades destes 0,5 W em UHF.
Como era de esperar, os PMR 446 como vêm de fábrica e ao abrigo da lei, obrigatoriamente com 0,5 W de par (potência aparente radiada) e com antena de origem, não me surpreenderam.
Há muito pouco a dizer sobre este, muito limitado, rádio-brinquedo, apesar de ter alguma utilidade.
Num prédio em construção, quem necessita de comunicar a curta distância e num âmbito muito restrito (até 100 metros) é um bom substituto do telemóvel.
Apesar de não trabalhar na construção civil, necessito de comunicar com o meu colega de trabalho, distanciado alguns andares que por vezes representam 9 ou 10. Neste caso, é uma ajuda que resulta em pleno.
Em auto-estrada, comunicar entre duas viaturas em movimento, usando estes pequenos aparelhos, torna-se muito problemático. A área de cobertura varia entre os 800 a 1.000 metros em linha recta. Quando estamos a atingir o limite da distância, as comunicações complicam-se devido à recepção entrar em “cortes” e com o ruído da viatura a diesel, pouco se percebe o que o nosso correspondente diz. A cabina da viatura também atenua o sinal.
É em estrada florestal com bastantes curvas e numa área densamente arborizada, que os PMR’s têm o pior desempenho. Se as viaturas não se afastarem muito uma da outra - afastamento até 100 metros - ainda a comunicação é possível; mais de 100 metros de afastamento, é quase impossível o contacto rádio.
Em cidade, entre prédios de sete a dez andares, a comunicação é extremamente deficiente. Em zonas de urbanização, onde predominam as moradias com primeiro andar, a distância alarga-se e a comunicação pode ser perceptível até 400 metros.
Em campo aberto e em linha vista, naturalmente, a distância de contacto aumenta e tive ocasião de o estabelecer a mais de 5 Km, com recepção perceptível, mas defeituosa.
Concluo, dizendo que quem souber, a nível profissional, tirar partido destes pequenos emissores-receptores de curta distância, são uma ajuda e uma mais valia para quem deles depende em termos de comunicações.
Em termos lúdicos, é a prenda ideal para oferecer a uma criança que tenha a tendência para as radiocomunicações, ou que queira brincar às escondidas com os amigos.
Ver estes equipamentos, e a sua função, pela vertente do radioamadorismo, ou compará-los com o cebeísmo, é pura ficção.
Luís Forra
9 de Abril de 2006
Radiocomunicações: legalizada nova categoria de equipamentos
Preocupado com a disseminação do uso dos novos equipamentos de radiocomunicações de pequena potência e curto alcance, denominados PMR 446, o Governo decidiu estabelecer regras para a sua utilização. A medida terá especial incidência em actividades locais, como hotéis, centros comerciais e aeroportos, onde o aparelho é mais utilizado e encontra-se publicada no D.R n.º 220 (Série I-B), Portaria nº 802/99, de 20 de Setembro.
A Portaria n.º 859/94, de 23 de Setembro, dispensa de autorização tutelar determinadas categorias de equipamentos de radiocomunicações de pequena potência e curto alcance, desde que devidamente homologados pelo Instituto das Comunicações de Portugal (ICP).
Atendendo à crescente utilização de equipamentos de pequena potência designados «PMR 446» como suporte de uma gama alargada de actividades, nomeadamente em locais tais como hotéis, aeroportos ou centros comerciais, torna-se conveniente proceder à inclusão desta nova categoria de equipamentos no anexo à Portaria n.º 859/94, de 23 de Setembro.
Assim:
Manda o Governo, pelo Ministro do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território, nos termos do disposto no artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 147/87, de 24 de Março, que seja aditada ao anexo da Portaria n.º 859/94, de 23 de Setembro, e que desta faz parte integrante, uma nova categoria de equipamentos de radiocomunicações de pequena potência e curto alcance, nos termos seguintes:
2.9 - Equipamentos de pequena potência PMR 446
2.9.1 - Caracterização dos equipamentos:
Estes equipamentos caracterizam-se por:
a) Destinarem-se a uso privativo;
b) Configurarem apenas estações móveis;
c) Operarem numa base de não coordenação de frequências sem direito a protecção contra interferências causadas por outros utilizadores do mesmo serviço;
d) Obedecerem ao especificado na norma ETS 300 296 do ETSI no que respeita a procedimentos de avaliação de conformidade;
e) Utilizarem antena incorporada.
2.9.2 - Faixa de frequências e valor máximo de potência aparente radiada (p. a. r.).
A faixa de frequências designada para esta categoria de equipamentos está compreendida entre 446,0 MHz e 446,1 MHz e planificada para uma separação de 12,5 kHz entre canais adjacentes.
As frequências centrais para operação desta categoria de equipamentos são as seguintes:
F1 - 446,00625 MHz;
F2 - 446,01875 MHz;
F3 - 446,03125 MHz;
F4 - 446,04375 MHz;
F5 - 446,05625 MHz;
F6 - 446,06875 MHz;
F7 - 446,08125 MHz;
F8 - 446,09375 MHz.
A p. a. r. máxima permitida é de 500 mW.
O Ministro do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território, João Cardona Gomes Cravinho, em 26 de Agosto de 1999.
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