OS DIALECTOS

A aprendizagem mais eficiente e que tem tido os resultados mais positivos ao longo do tempo, é a escuta. Escutando aprende-se. Aprende-se o bom e o mau.

Um período de escuta é fundamental para quem quer ser um futuro cebeísta. Depois, ter alguém conhecido com prática de operacionalidade em rádio CB, que corrija os erros e não os mantenha e/ou agrave, porque infelizmente há muita gente que pratica erros básicos porque na altura de serem ensinados, os mais velhos nunca os corrigiram e até “achavam graça às bacoradas do maçarico”.

Este tipo de procedimento é condenável a todos os títulos e resulta no aparecimento de maus utilizadores da Banda do Cidadão. Quem escuta, pela primeira vez, as comunicações no CB apercebe-se que alguns utilizadores praticam uma linguagem ou terminologia esquisita, baseadas em códigos de conjuntos de letras, números e outras expressões que não se entende.
Na verdade, há várias razões para que tal seja praticado e a principal vem do tempo que em Portugal era proibido comunicar via rádio CB.
No regime anterior ao 25 de Abril de 1974, quem fosse detectado e surpreendido a operar um rádio CB como mero passatempo, era imediatamente preso e acusado de crime contra o Estado.
Existiam pessoas, firmas e serviços públicos que estavam autorizados, mediante licenciamento e pagamento de uma taxa anual à DSR (Direcção dos Serviços Radioeléctricos), a utilizar um canal no espectro radioeléctrico destinado há Banda do Cidadão.
Entre muitos casos, havia o do célebre canal 26 (27.265 MHz) atribuído à PSP (Polícia de Segurança Pública). Mesmo depois da revolução e até à legalização da Banda do Cidadão em Junho de 1978, quem fosse apanhado pela policia a operar CB, não era preso, mas o equipamento era apreendido e a coima era extremamente elevada.
Então a solução dos cebeístas piratas da altura para que as suas conversas não fossem compreendidas pela escuta oficial, criaram códigos que só eles entendiam. Com o andar do tempo e com a abertura política no nosso país, resultando na legalização da Banda, esses hábitos nunca foram perdidos. Pelo contrário, foram adulterados e aumentados, resultando num dialecto que penso não ter muita razão de existir, apesar de quando praticado moderadamente, até se torna folclórico e não fere o ouvido.
Há conveniência sim em transmitir com alguns códigos em determinadas condições de operacionalidade a que me referirei mais à frente, mas não entendo que seja necessário a estações CB muito perto umas da outras e todas com sinais fortes, praticarem uma terminologia carregada que só complica quem escuta, e mesmo quem está em contacto e não muito habituado a códigos.
Pessoalmente, não utilizo regularmente códigos, terminologias, linguagens específicas ou outras formas de comunicação dialéctica que não seja o português normal do dia a dia, apesar de não poder fugir a certos termos que ficaram na memória de quem operou consecutivamente tantos anos.
É o caso do QRX, QSO, QTR, QSL, QRT, QRK, OM, BREAK e pouco mais. Mas isso ainda se tolera e em muitas circunstâncias até é benéfico, como ficará demonstrado mais à frente, mas ouvir-se por vezes o que se ouve, custa um pouco a entrar no ouvido.
Por exemplo, baseado na terminologia que está disponível em alguns sites de utilizadores da Banda do Cidadão e que era praticado por alguns macanudos, não há muito tempo, nunca iria ao extremo de comunicar com o meu correspondente nos seguintes termos:

"Vou ver se o MACACO PRETO está AO CENTO E AO CONTENTO e fazer uma LINHA DE QUINHENTOS a um OM de LIMA XANGAI REPORTANDO que o meu SCHNITER está EMPERTIGAITADO e não faço a GREGA para ARRIBAR ao CHAQUE do MANACA. Além disso tenho o CRISTALÓIDE, de tem 6 ESPIRAS, de volta do BARRA DE SABÃO e a METER BICADINHAS num CANALETE. Ainda me estraga as BOTAS."

Isto nunca! Isto é uma forma rudimentar e sectária de se comunicar seja com quem fôr. Isto é transformar o contacto-rádio numa forma de expressão de quem vive num gueto, não querendo fazer-se entender para a generalidade de quem escuta, mas só para alguns elementos da tribo.
Se o meu correspondente comunicar desta forma, sei o que ele quer dizer com aquele papaguear porque aprendi o seu dialecto. Respeito a forma como o faz, mas recuso-me a responder-lhe da mesma maneira. Pura e simplesmente comunico com ele em português corrente.
Para quem quiser aprender este dialecto, também praticado pelo nossos colegas brasileiros, mas por outras razões, Clique nos links da caixa:

"TERMILOLOGIA DO CB"

Ou então siga estes link's:

Como era em 1978

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Outras formas

Como é no Brasil

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