TELEMÓVEIS MATAM?


Tem ouvido falar sobre o cancro no cérebro, acidentes de viação, problemas com aviões. Qual é o verdadeiro risco?

Artigo de: Peter Valdes-Dapena, CNN/Money Staff Writer

Pensa que a conta do telemóvel já era preocupação suficiente. Não senhor, tem todas aquelas histórias de horror. Acidentes de viação causados por motoristas distraídos. O executivo com um tumor maligno no cérebro. E todos aqueles avisos? Desligue o telemóvel no avião. Não faça chamadas de dentro dos hospitais.
Mas qual o verdadeiro risco?

Telefones celulares e o cancro no cérebro

O medo de cancro no cérebro por causa de telemóveis ganhou força por causa de alguns processos milionários, em que os queixosos alegavam uma relação entre o emissão electromagnética do aparelho e o aparecimento do cancro no cérebro.
Num processo contra a Motorola e vários outros grandes fabricantes, o queixoso, um neurologista de Maryland (EUA), reclamou que sua esposa morreu devido a um tumor no cérebro causado pelo uso do telemóvel. Como prova, os seus advogados apresentaram os resultados de uma pesquisa feita por um especialista sueco, que indicava uma possível relação. Mas os advogados de defesa também apresentaram uma pesquisa provando o contrário, e em Setembro de 2002, o processo foi arquivado.
Ainda assim, as pessoas estão preocupadas. A razão é que os telemóveis produzem radiação electromagnética que penetra no cérebro a uma curta distância da antena do aparelho. Mas essa radiação é diferente da radiação ionizante dos raios-X ou de um pedaço de urânio, que destrói o DNA e está claramente relacionada com o cancro.
As radiações destes aparelhos, bem como a dos rádios transmissores, caem numa faixa de frequência próxima da que somos expostos quando nos encontramos próximo de um aparelho de TV, ou da sai de um forno de microondas. Isso poderia, teoricamente, danificar células do cérebro por que elas são aquecidas. Mas o aquecimento dos telefones celulares é desprezível. Não é como se o seu cérebro estivesse a ser cozido.
“A pesquisa é inequívoca que esse tipo de radiação não causa o cancro. Mas essa dúvida faz com que muita gente tenha medo disso”, diz David Ropeik, director de comunicações do Centro de Analise de Riscos de Harvard.

Telefones celulares interferindo em equipamentos hospitalares

Se alguém receber uma chamada na sala de espera de um hospital, poderá causar algum problema num paciente ligado a equipamentos de sobrevivência artificial no andar de cima?
De acordo com uma pesquisa limitada que foi feita, a possibilidade que alguma coisa desastrosa aconteça, é pequena. Num estudo divulgado em Janeiro de 2001, pesquisadores da Clínica Mayo de Rochester (EUA), testaram telemóveis nos equipamentos de monitorização cardíaca e de actividades pulmonares. Descobriram que os aparelhos em questão causam interferências, mas em muitos casos a interferência não foi causa de preocupação. Esses testes foram feitos com os equipamentos apenas, significando que nenhum paciente estava ligado a eles no momento dos testes. Testes que ainda necessitam de ser feitos com pacientes ligados aos aparelhos.

Telemóveis nos aviões

Isso parece parvoíce: Um Jumbo não tem circuitos de segurança para protegê-lo de ser derrubado por causa de um pequeno telefone Nokia?
Na realidade existem duas razões para que exijam que os telemóveis sejam desligados no interior dos aviões. A Comissão Federal de Comunicação (FCC) nos USA, bane o uso de telemóveis porque eles poderiam causar um caos nas comunicações das redes terrestres dos repetidores das operadoras de telemóveis.

O sinal de um telefone emitido próximo de vários repetidores terrestres, é captado pelo que o receber em melhores condições, fazendo chegar a sua chamada ao destino desejado. Quando alguém se move, conduzindo ou andando a pé, o repetidor mais próximo tratará da sua chamada. Do ar, porém, o sinal do telefone terá um alcance de muitos quilómetros, e portanto muitos repetidores terrestres receberão o sinal com igual intensidade. Mais ainda, um avião movendo-se a centenas de quilómetros por hora faz com que o sinal emitido não seja convenientemente tratado pelos repetidores terrestres, pois não foram projectados para lidar com estas situações.
A FCC teme que os celulares interfiram nos sistemas de navegação das aeronaves, havendo alguns incidentes reportados pela tripulação de vários aviões, demonstrando que existe uma potencial hipótese para problemas. Vários distúrbios nos sistemas electrónicos das aeronaves foram reportados envolvendo passageiros usando equipamentos electrónicos pessoais. Em testes feitos em Fevereiro de 2000 pela Autoridade Britânica de Aviação Civil mostrou que os telemóveis, na verdade, interferem nos equipamentos das aeronaves. O lugar que o passageiro ocupa dentro da aeronave faz uma grande diferença, porque as Interferências variaram significativamente conforme o telefone se move dentro da fuselagem.

O uso de telemóveis durante a condução

Em alguns estados dos USA, porque em Portugal é totalmente proibido, exigem que o motorista use o sistema de mãos livres para telefonar enquanto conduz. Pelo menos os movimentos ficam totalmente libertos e a concentração na estrada está, teoricamente, salvaguardada na medida em que o teor do telefonema afecta a concentração necessária prejudicando o diminuindo os reflexos.
Segundo um estudo, publicado pelo Jornal da Medicina da Inglaterra em Fevereiro de 1997, pesquisadores cruzaram os dados de contas de telemóveis e acidentes, num período de 14 meses, com 699 motoristas proprietários dos mesmos, descobriram que os riscos de um motorista usando um telemóvel e envolver-se num acidente, é 4 vezes maior do que o de um motorista sem telefone. Eles também descobriram que o uso de mãos livres não ajuda em nada. Motoristas tagarelas usando esta alternativa, envolveram-se em acidentes tanto quanto os que não utilizavam esse artifício.
Várias pesquisas mostram que qualquer tarefa que exija concentração, aritmética ou atenção, é grandemente afectada ao se falar ao telefone. Ouvir musica ou gravação de texto falado, não apresentaram o mesmo perigo que o telefone.

 

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